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Pretos e pardos formam a maior parte da população: 57% dos habitantes do Brasil. Mas ainda são poucos os produtos de beleza que atendem às necessidades desses consumidores. E, muitas vezes, esses itens ainda são mais caros que a média.

A Consultoria Nielsen fez uma pesquisa que mostrou: apenas 5,9 das vendas no mercado nacional correspondem à cesta de afroconsumo. Definida pela Consultoria Etnus, essa cesta inclui xampu, pós-xampu, protetor solar e maquiagem.

A Nielsen analisou o desempenho dessas categorias no varejo, comparando preço e disponibilidade, considerando dados de um período de dois anos encerrados em julho de 2020. O estudo concluiu que o protetor solar para peles negras custa o dobro do restante da categoria. A maquiagem também é cerca de 50% mais cara. Fernanda Ferreira, líder do grupo de afinidades da Nielsen diz que “nos é imposto usar produto de pele branca e quando há um produto para pele negra o preço é muito maior”.

O preço mais alto se contrapõe ao fato de que o rendimento dos negros corresponde a 57,5% do obtido pelos brancos, de acordo com o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. E é explicado principalmente pela oferta limitada.

O líder de estratégia de vendas para a América Latina da Nielsen, Claudio Czarnobai, argumenta que “muito provavelmente se o estudo fosse feito há alguns anos, a fatia de 5,9% seria de apenas 3%, por exemplo; mas, os fabricantes líderes ainda têm uma restrição muito grande de portfólio”.

A Nielsen constata que, de todos os itens de maquiagem que chegam às farmácias, apenas 5% são afro; e no varejo de autosserviço (mercados e perfumarias) esse índice é de 11%. Em pós-xampu, a participação no varejo é de 12%.

As vendas da cesta de afroconsumo crescem 6,8% ao ano, ante 4,3% da cesta geral. Se os problemas em distribuição fossem equalizados, as vendas de maquiagem afro, por exemplo, passariam de 3% para 20%, de acordo com as projeções da Nielsen.

Há mais de um ano, a Avon iniciou no Brasil um estudo colaborativo de tons e subtons de peles negras brasileiras. O material deixou claro que a maquiagem negra não é um nicho de mercado e que 46% das consumidoras desistiam de comprar ao não encontrar produtos na sua cor.

Como resultado disso, até 2021, a empresa vai incluir 53 itens no portfólio. A partir da pesquisa, além de novos produtos, a Avon lançou um manifesto antirracista e estabeleceu metas para a contratação de negros.

O pensamento é compartilhado pela Procter & Gamble- P&G- que lançou o projeto Racial 360 graus, ampliando ações para aumentar a participação de negros na companhia, em campanhas publicitárias e para apoiar afroempreendedores. A empresa é dona da marca Pantene, que mantém uma linha de cabelos cacheados com oito itens e deve ser ampliada.

 

Fonte: Valor Econômico, Avon e P&G

 

Matéria de Caio Camargo

 

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