em Colunistas, Jefferson Stevanato

Quem me conhece sabe: ou vamos entrar de cabeça em algo, levar a sério e batalhar pelo melhor até o limite ou então, melhor nem contar comigo. Tenho até uma frase (que não é criação minha, mas me identifica) que explica bem este conceito: “água morna não faz nem chá. Que ela venha fervendo ou congelada!”. Pois ao analisar toda esta situação extrema pela qual estamos passando, tenho pensado muito nas ações de solidariedade, no quanto estamos realmente fazendo por nós mesmos, pelo outro e pelo mundo. Será que esta onda de bondades é mesmo verdadeira, real ou apenas uma jogada muito bem elaborada pelos agora multi ativos setores de marketing? E isso me leva a mais um questionamento: por que apenas diante de uma grande provação, de necessidade, saímos da nossa confortável posição de “eu mesmo” para nos identificarmos como grupo, como comunidade? E digo isso porque a solidariedade deveria ser encarada como um valor moral, um princípio básico formador de caráter, um laço humano indestrutível. As ditas situações-limite nos fazem reconhecer que somos frágeis, vulneráveis e que precisamos agir em conjunto, dar a mão ao outro, usar a lição do “me empurra que eu te puxo”.

A minha avaliação destes meses todos – diante de questionamentos, dúvidas e desconfianças – acreditem, é positiva no quesito “fazer o bem”. Reconheço que talvez isso seja fruto do meu incurável olhar otimista ou ainda do medo de enxergar quem nos cerca de maneira nua e crua. A verdade do íntimo de cada um ninguém conhece e não tenho a pretensão de fazer isso, porém, me obrigo a não enxergar a vida e este momento ruim pelo olhar dos egoístas, egocêntricos e individualistas – aqueles que só agem diante de uma oportunidade de crescimento, sucesso ou fama próprios e não porque desejam realmente ajudar quem precisa. Não digo que não exista esta classe de pessoas – é até numerosa e possivelmente majoritária em alguns setores, mas se digo que ainda creio na solidariedade real estou me baseando em fatos e eles, no que diz respeito ao mundo da beleza (no qual eu vivo 24 horas por dia), apontam para um cenário de fraternidade genuína. Tenho acompanhado a indústria trabalhando incansavelmente para ajudar salões, profissionais e parceiros – seja com prorrogação de pagamentos, congelamento de preços, criação de programas de compras de serviços, fornecimento de eads, lives motivacionais. Os profissionais por sua vez, envolvidos em batalhas para que tudo se ajeite, que todos tenham vez e que o conhecimento possa ser compartilhado. Concorrentes nos negócios – sejam pessoas físicas ou jurídicas – organizam ações, encontros virtuais, projetos sociais como parceiros, como irmãos neste momento crítico.

Claro que reconheço a “novidade” do momento, o desconhecimento de causa, o susto mundial diante da pandemia, das mortes e de todo o sofrimento. Mas não me parece que todo o bem que tem sido feito seja apenas passageiro e oportunista. Prefiro pensar que essa sacudida doída, intensa, assustadora, nos fez refletir muito, olhar para os erros e deixar fluir a nossa real humanidade.  E desejo que esta humanidade que andou meio escondida volte trazendo aceitação, proteção, defesa, inclusão, respeito e amor pelo outro, pelo mundo e pela vida.

Jefferson Stevanato

Colunista

Publisher revista HM e dono de um curriculum de 19 anos de experiência no Brasil e no exterior, atuando nas áreas de desenvolvimento de projetos, marketing, organização de eventos e aprimoramento técnico para o segmento de beleza.

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