em Caio Camargo, Colunistas

Por um momento esqueça o “kit-Política”, formado, em grande parte, por falta de empatia, informações contraditórias, negacionismo. Mas é difícil não perceber que o ar está pesado. A maior tragédia sanitária da história brasileira já afetou milhares de famílias. Agora, muita gente já sentiu de perto as dores da perda.

Em meio a tudo isso, como manter a sanidade? Não são fake news: seis em cada dez brasileiros relatam impactos na saúde mental motivados por problemas financeiros. A crise econômica tem sido fator de grande preocupação para a saúde mental e emocional em meio à pandemia. Com o desemprego em alta, diminuição do poder de compra e consequente endividamento, crescem as dificuldades.

De acordo com a plataforma Acordo Certo, maior empresa online de renegociações de dívidas, entre os problemas citados estão alterações de humor (72%), falta de sono (71%), além de ansiedade (67%) e baixa produtividade nas tarefas do dia a dia (62%).

Esse quadro problemático também foi constatado pela healhtech Zenklub, maior plataforma de saúde emocional e desenvolvimento pessoal do País, que registrou aumento de 230% na quantidade de citações sobre a vida financeira nas sessões de terapia realizadas em 2020, na comparação com o ano anterior.

Constantemente lemos notícias apontando o aumento dos preços na cesta básica, bandeira vermelha nas contas de luz, aumento do reajuste do aluguel e demais itens de gastos fixos dos brasileiros. Some-se a isso, os juros das dívidas em atraso e o desafio fica ainda maior com a paralisação compulsória das atividades nos salões de beleza.

O primeiro passo para tentar sair do vermelho é organizar as finanças e se planejar para, aos poucos, diminuir as dívidas. Procure manter a calma, mesmo nessa etapa estressante. Anote todos os débitos. Negocie os melhores descontos e condições de pagamento. Realize acordos e planeje o orçamento mensal.

Esses fatores não surtirão efeito imediato, mas ajudarão o seu negócio enquanto durarem as indefinições. A frustração de não poder gastar ou mesmo pagar o que se quer se manifesta no sentimento de impotência e de descrença. O endividamento pode acarretar irritabilidade, estresse, mau humor, ansiedade, medo, tristeza, desânimo e gerar depressão.

Mesmo que não seja simples reverter a situação, por depender de fatores externos, o melhor para a saúde emocional é pensar positivo. Certamente ninguém está feliz. Não force a barra naquilo que se convencionou chamar de positividade tóxica. Mas encontre algum motivo para vivenciar algo melhor. Pode ser, por exemplo, a sua carreira, o conhecimento acumulado, o potencial para enfrentar momentos difíceis.

Sempre é bom lembrar que, assim como as finanças afetam a saúde mental, o contrário também pode acontecer. Caso os problemas emocionais persistam, o mais indicado é buscar ajuda especializada. Identificar e tratar o problema costuma funcionar. Além disso, nunca é demais lembrar: obedeça ao distanciamento social, abuse do álcool em gel e vacine-se assim que chegar a sua vez.

Caio Camargo

Colunista

Caio Camargo é jornalista, especializado em política e economia, Pós-Graduado em Comunicação Comparada na Universidade de Navarra, Espanha. Ao longo de sua carreira foi repórter, editor e âncora dos principais jornais das TVs Globo, Record e Cultura e das Rádios Bandeirantes e Eldorado. Atualmente é consultor de negócios da comunicação e marketing e colunista do setor.

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