em Camila Oliveira, Colunistas

Entusiasta do mundo da beleza que sou, vira e mexe me pego pensando em como o mercado nacional de beauté deu uma guinada na última década e o surgimento das redes sociais, especialmente do Instagram, foi um divisor de águas para o segmento e crucial  para sua evolução.  A era do @ chegou trazendo um novo hábito de consumo e criando uma nova profissão no mercado: o influenciador digital! Pessoas até então comuns, que conseguiram destaque e visibilidade na rede social por meio de seus posts, contabilizando milhares ou milhões de seguidores. No mesmo momento que a marcas de beleza perceberam que esse público poderia impulsionar os seus negócios, os influenciadores também entenderam que poderiam monetizar seu @ e num piscar de olhos, ambos iniciaram uma revolução de mercado.

Por meio do influenciador digital surgiu um novo hábito de consumo no mercado da beleza. O acesso do consumidor a esse universo ficou mais rápido, dinâmico e próximo, já que ele passou a ter conexão direta com uma persona que coloca em pauta seu tema preferido. Recebidos, Publi, arraste para cima e cupom de desconto viraram termos corriqueiros nas redes sociais dos formadores de opinião e essa foi a melhor maneira que o marketing das empresas encontrou para estar perto do consumidor final e bater suas metas de vendas no fim do dia.

O formato de ter pessoas comuns – que chegaram no patamar de influenciadores –  representando uma marca, até que foi  inovador por um tempo, mas, atualmente ele está inflado. Reflexo do novo perfil de consumidor que evoluiu, tem outros hábitos, opiniões formadas e uma percepção de mundo mais realista, estabelecendo uma certa distância da perfeição pintada pelo influenciador digital tradicional. Então, a vida “dos sonhos” passa a não caber mais no Instagram, assim como o produto de beleza que promete perfeição e transforma você em quem você não é, estagnou.

E então, é a vez do novo @ da beleza entrar em cena, onde a voz das redes sociais grita em alto em bom som, para acordar a indústria. A diversidade, o empoderamento feminino, a sustentabilidade e outros temas relacionados a posicionamento ganharam protagonismo. As marcas enxergaram a potência e intensidade desse novo movimento, onde o consumidor valoriza o autocuidado e enaltece a beleza natural. “Aceite seu cabelo e corpo como eles são”,  “orgulhe-se da cor da sua pele,”  “mostre sua real versão”, “se ame”; felizmente são algumas das temáticas corriqueiras levantadas pelos “instagramers”. E foi nesse exato momento que as marcas de beleza entenderam que se não surfassem nessa onda, ficariam à deriva.

A questão toda é que cada vez mais os seguidores clamam pela verdade! As marcas e os influenciadores precisam ser humanizados e genuínos, ou seja, levantar uma bandeira por marketing é dar um tiro no pé, pois a mentira não cabe mais nos 15 segundos dos Stories ou nas # dos posts. Temas nunca antes questionados ganham destaque e os dois lados precisam rever conceitos e mudar a chave interna para assim externar isso da maneira mais orgânica possível, para que todos colham bons frutos, sejam eles refletidos em seguidores ou em vendas.

E para embasar meu raciocínio, trago aqui o resultado de uma pesquisa realizada pela Accenture Strategy, a Global Consumer Pulse, que aponta que 83% dos consumidores brasileiros preferem comprar de empresas que defendem propósitos alinhados aos seus valores de vida, ou seja, marcas que atuam além de seus produtos, têm mais chance de atrair consumidores e influenciar decisões de compra. E na minha opinião de profissional da Comunicação, que trabalha frequentemente com os dois lados da moeda – marcas e criadores de conteúdo –   isso também vale para o influenciador digital, já que em tempos de banalização do termo e de publis veladas, o fato de se posicionar e “dar a cara a tapa” pode ser fundamental para engajar positivamente com seus seguidores e ganhar a sua confiança.

Acredito que o propósito do influenciador deve ser primeiramente informar, criar conexões e também entreter, mas com o intuito de agregar na vida de quem está do outro lado da tela, pensando em primeiro lugar na sua audiência. Acontece que a banalização do termo” influenciador” veio acompanhada de ego e pessoas ávidas por atenção e elogio, mas no meu ponto de vista, isso não vai se sustentar por muito tempo, tanto pelas marcas, que começaram a entender que esse não é o caminho e também pela força do novo @ da beleza, que domina cada vez mais as redes sociais.Portanto, chego à conclusão que o novo @ da beleza tem alma, tem voz, tem opinião, tem verdade, e tanto as marcas de beleza como o influenciador precisam se conectar com essas vozes e fazer o caminho inverso, ambos devem seguir, da maneira mais legítima possível, o que esse novo @ da beleza dita.

Camila Oliveira

Colunista

Camila Oliveira:

Coordenadora de Relações Públicas do Núcleo de Beleza na INDEX Conectada. Jornalista  e pós graduada em Jornalismo de Moda, com 12 anos de experiência na área de Comunicação e no segmento de beleza, apaixonada por redes sociais e marketing de influência.

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