em Colunistas, Valéria Vargas

Uma das experiências perfumadas mais marcantes na minha carreira foi o privilégio que tive ao conhecer dois dos maiores perfumistas internacionais: Alberto Morillas e Vincet Schaller. Curiosa que sou, sempre acompanhei tudo o que nomes famosos como Olivier Cresp, Francis Kurkdjian, Maurice Roucel, Michel Almairac e Aurélien Guichard criavam para as casas de fragrâncias e, por consequência, para as marcas internacionais.

Toda esta paixão pelo universo perfumado nasceu com minha mãe, pois ela era perua declarada e cliente fiel dos grandes magazines. Lembro que na infância, ela usava um Chanel No.5 que pairava no ar toda vez que ela passeava  pela casa. Era um mix de notas como bergamota, limão, jasmim, sândalo, patchouli e  baunilha. Foi com ela que aprendi que toda e qualquer viagem que eu viesse a fazer jovem, que eu deveria usar um perfume para marcar a memória afetiva de cada lugar por onde eu passasse.  E foi assim que fiz, quando morei em Londres, usei gotas do meu Jour D’Hermès Eau de Parfum para lembrar de cada cantinho daquela cidade.

Vale ressaltar, que a indústria de fragrâncias está no centro de uma cadeia de valor econômico muito importante para fornecedores, fabricantes de bens de consumo, varejistas e pessoas ao redor do mundo. Segundo dados da Euromonitor International, o Brasil é o quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo (com itens como cosméticos para cabelo e pele, perfumes e produtos para higiene bucal). O país fica atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão, mas na categoria de fragrâncias, o Brasil está em segundo lugar, atrás apenas do mercado americano.

Então, em foi em 1996 que tive acesso ao primeiro processo da cadeia produtiva da criação de um perfume. Do conceito, à captura de um cheiro via headspace *, em plena floresta Amazônica, à criação da embalagem com designs consagrados, até o teste cego realizado pela equipe de P&D – pesquisa e desenvolvimento das empresas. Foi em um destes momentos que conheci no Brasil, o perfumista espanhol Alberto Morillas. Ele veio à São Paulo finalizar os testes de um perfume masculino, super secreto naquela época.  Cada vez que olhava para ele, lembrava do meu primeiro perfume compartilhado, o CK One que criou e  que foi a sensação durante anos. O contato foi rápido, apenas para resolver questões estratégicas para o lançamento do produto. Ele era gentil, de fala mansa e super elegante e educado, um gentleman.

Naquele mesmo período, tive a oportunidade de trabalhar com a perfumista Verônica Kato e com o maravilhoso Fábio Navarro, de quem sou fã até hoje. Anos mais tarde, conheci a delicadeza da perfumista francesa, Carmita Medeiros, que inovou no Brasil em 2015 ao criar o primeiro perfume polisex conceituado por estilistas de moda da comunidade do Vidigal.  Foi sucesso na certa!

Mas, foi em 2016 que eu conheci o mestre Vicent Schaller, o grande criador da água de colônia mais famosa no mundo, a 4711, aquela que Napoleão Bonaparte usava. Nem preciso dizer que aquela press trip realizada para 10 jornalistas do Brasil resultou em uma amizade entre nós. Naqueles quatro dias que estivemos juntos, visitamos cada pedacinho da cidade de Colônia, com almoços e jantares experimentais, mas foi no último dia que fechamos com chave de ouro este encontro.

Pela manhã conhecemos o Museu 4711, participamos de um atelier de perfumaria onde criamos a nossa própria essência. Tudo orquestrado pela batuta de Schaller, que nos ensinou como mixar os ingredientes das notas de entrada, de fundo e o coração. Demos um tempinho à tarde para ver emails e mensagens, mas foi no jantar de despedida que os nossos laços se estreitaram. Trocamos muita energia, assim como falamos das nossas vidas (ele, eu e mais duas jornalistas amigas). Saimos do jantar e continuamos o papo de tão bom que era aquela vibe mágica. Falamos dos nossos desejos futuros, da nossa profissão, do quanto a viagem era importante para nós, do restaurante de uma das meninas em Paris, regado a caipirinha e feijoda.  Então, foi ali que Vicent declarou sua paixão  imensa pelo Brasil, pelas pessoas, pela positividade que o nosso povo tem ao receber um estrangeiro no nosso país. Dia desses enviei mensagem para ele, para desejar boas festas e para saber como ele estava neste período de quarentena.

A vida é assim, os amigos a gente tem que cultivar pra sempre, telefonar, enviar mensagem no whatss e escrever até uma cartinha e postar. Que 2021 seja um ano de conquistas para todos nos e que possamos contar muito mais histórias. Até o ano que vem!  Com muito AMOR, Valéria

* Headspace: Técnica criada pelo perfumista Roman Kaiser, que consiste em absorver alguns microgramas de moléculas responsáveis pela produção de odores, seja de uma flor, folhas, cascas ou mesmo de cenários olfativos, como os cheiros de uma floresta ou de uma incrível doceria.

Valéria Vargas

Colunista

Valéria Vargas – Empresária na agência VV4PR Comunicação e Estratégia, apaixonada pelas relações humanas e marcas. Viajante, RP conectada com o mundo e pronta para unir e reunir marcas e pessoas, sempre com olhar atento ao integrar a comunicação o marketing e o cliente nos 360o.

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