em Colunistas, Cynthia Greiner

Procuram-se: mulheres 40+, 50+, 60+, 70+, 80+ nas páginas de beleza. Já vou avisando: o perfil a que me refiro não vai ser fácil encontrar. Pois se você pensou em mulheres que não aparentam a idade que têm, pensa mais um pouco.

Procuram-se mulheres que não estão mais interessadas em ouvir de quem quer que seja (nem como elogio): Wow! Você não aparenta a idade que tem. Ou: Você é muito essa mulher dos novos tempos. Os 40 são os novos 30! Os 50 são os novos 40!

Por uma razão simples: essas mulheres, que ficam felizes quando comparadas às mais jovens (e não tem culpa alguma nisso), não conseguirão liderar a mudança de mindset necessária para a nova ordem das coisas que a medicina já estabeleceu.  Ainda precisam de aprovação e consentimento para usarem uma beleza que não acham que seja sua por direito.

Vamos aos fatos:

  1. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2.050 um quinto da população mundial terá 60+.
  2. Não é de hoje que lemos, ouvimos e assistimos sobre os avanços na questão da longevidade. Mas agora trata-se de uma revolução. E quem garante são novas armas que a tecnologia pôs a serviço da saúde: a predição baseada na sua genética, os tratamentos personificados decorrentes dela e a redescoberta da medicina integrativa, que agrega a tudo isso força, energia e bem-estar, principalmente.
  3. Com o nosso teto subindo para o patamar dos 90 (salvo doenças e a pandemia), é natural que a indústria da beleza, uma das mais poderosas do planeta, não fique atrás em oferta de produtos. Nem vou começar aqui a listar as maravilhas que abarrotam os galpões da belezanaweb.com, por exemplo. Disso já sabemos.

Qual o problema, então? O problema é nossa maneira de pensar. Minha, sua, das empresas. Não entrarei em políticas públicas. Nós continuamos a nos comportar como se a vida terminasse com o fim da juventude, o que era verdade em 1800, quando a expectativa de vida era de 44 anos. Continuamos correndo atrás dessa finitude, e não da nossa longevidade. Não apoiamos nem incentivamos suficientemente nossos amigos, família, colegas, clientes a explorarem o melhor de cada uma de suas fases da vida.

Pense bem: a partir dos 30, 40, são mais 50 ou 60 anos (ou boa parte deles) de uma vida ativa e vaidosa para muita gente. Mas, sem ajuda, poucas vão mudar, pois o mindset continua parado no tempo. A mulher mais velha se recolhe e nós a mantemos recolhida.

E o que você pode fazer por essa mulher incrível que conhece?

Transforme-a em uma Jane Fonda que, aos 82 anos, defende de pé a Amazônia, o clima, os negros, escreve (What Can I Do? My Path from Climate Despair to Action estava previsto para ser lançado em set/20), modela para Gucci e está escalada para a 7a. e 8a. temporadas da aclamada Grace & Frankie, da Netflix.

Ou faça dela uma Maye Musk, 72, que nunca parou de modelar mas desfilou pela primeira vez na NYFW aos 67 anos e tornou-se porta-voz da Covergirl aos 69. Vítima de um marido abusivo, abandonou-o para ser protagonista da própria vida — com sucesso. Detalhe: Maye também é nutricionista, autora (A Woman Makes a Plan: Advice for a Lifetime of Adventure, Beauty, and Success) e avó. Mãe de Elon Musk, aqui, é apenas um detalhe.

Conte a ela a história de Helen Ruth Elam, 92, a @baddiewinkle, que se tornou a sensação da internet com 85 anos depois de perder o marido e começar a postar estimulada pela neta. Hoje, Baddie tem 3.7 M de seguidores e ano passado lançou marca própria de cosméticos.

Eu poderia ficar uns 10 scrolls citando essas mulheres inspiradoras.

Mas como anda a beleza delas? Você deve estar se perguntando. Plenas, cada uma a sua maneira. E é isso que podemos fazer por elas: motivá-las a se sentirem plenas, confiantes, importantes, pertencentes. Estimular a descoberta, passo a passo, de uma nova identidade. Fazê-las se sentirem do jogo, pois é o que serão cada vez mais.  Eu, que sou perennial e defendo a beleza de inclusão e diversidade, me sinto obrigada a levantar a voz por essas mulheres, com o maior prazer. E você?

Cynthia Greiner

Colunista

É jornalista, diretora criativa e criadora de conteúdo digital. Dirigiu as revistas Boa Forma, Cosmopolitan e Claudia. Foi mentora e diretora do canal de conteúdo de belezanaweb.com.br e co-founder do portal de beleza @mybeautyreal.

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